De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, quase 95% das crianças e adolescentes do Brasil entre 9 e 17 anos acessam a internet regularmente. Isso torna a internet e as mídias sociais um dos principais “lugares” de convivência para essa geração.
No entanto, diferentemente de espaços físicos, onde há uma interação mais direta e regras de convivência, o ambiente online opera de forma muito mais dinâmica e, em muitos casos, invisível aos usuários. As plataformas utilizam algoritmos que adaptam o conteúdo que é exibido para cada adolescente, com o objetivo de manter seu interesse e engajamento. Mas essa personalização nem sempre considera os efeitos psicossociais de uma exposição prolongada às telas, nem é 100% eficaz para diferenciar conteúdos que são adequados e não são adequados para cada faixa etária.
Essa dinâmica pode incentivar comportamentos repetitivos, como o consumo contínuo de conteúdos personalizados ou a participação em interações sociais gamificadas. Sem uma supervisão adequada das mães, dos pais ou dos responsáveis, os adolescentes podem ficar expostos a conteúdos ou práticas que não são ideais para eles.
Além disso, o consumo de conteúdos comerciais também vem crescendo: 59% das crianças e adolescentes entre 11 e 17 anos relatam assistir vídeos de influenciadores promovendo produtos. Isso mostra como, desde cedo, as novas gerações entram em contato com estratégias de marketing, muitas vezes sem perceber.
Essa publicidade trata dos mais diversos serviços e produtos, inclusive de prática de apostas. No Brasil, há inclusive influenciadores mirins anunciando essas plataformas, que têm atraído crianças e adolescentes com promessas de “dinheiro fácil” e recompensas rápidas. Essa exposição precoce ao jogo de azar pode levar ao desenvolvimento de comportamentos problemáticos, como vício, prejuízos financeiros. Além disso, a normalização do jogo como atividade socialmente desejável distorce a compreensão de adolescentes sobre dinheiro e sucesso.
A exposição por crianças e adolescentes a esse tipo de conteúdo também começa cada vez mais cedo, já que 24% das crianças acessam a internet pela primeira vez antes dos 6 anos. Vale lembrar que as mídias sociais exigem uma idade mínima de 13 anos para uso. Só que essa regra não é necessariamente seguida por usuários, nem a sua aplicação é integralmente exercida pelas plataformas.
Precisamos ter em mente, no entanto, que a internet, como um todo, oferece muitas oportunidades valiosas para crianças e adolescentes, seja para aprendizado ou socialização. O foco deve ser equilibrar o tempo de uso e garantir que o acesso seja feito com orientação e supervisão. Nosso objetivo aqui é justamente esse: apoiar você, mãe, pai ou responsável legal, para que você possa apoiar seus filhos nesse caminho.
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Este artigo mencionou dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023.