Capítulo 01 - Artigo 05
Artigo 05

Uso de telas e impactos socioemocionais

O uso excessivo de telas durante a infância e adolescência pode ter um impacto na capacidade de atenção de longo prazo e na habilidade de interpretar e processar informações de forma mais profunda. As interações digitais, que muitas vezes oferecem respostas rápidas e imediatas, treinam o cérebro a buscar gratificação instantânea, o que prejudica a paciência e a concentração necessária para atividades mais complexas e prolongadas, como a leitura ou a resolução de problemas.

À medida que as crianças se acostumam com essa dinâmica, elas podem desenvolver dificuldades em atividades que exijam maior esforço intelectual ou que demandem esperar por resultados. Essa falta de exercício cognitivo, ao longo do tempo, pode enfraquecer a habilidade de interpretar informações de forma crítica, dificultando a compreensão de nuances e contextos mais amplos. 

No Brasil, apenas 2% dos estudantes entre 15 e 16 anos pontuaram no nível 5 ou superior em leitura no principal teste internacional de avaliação de alunos no mundo, o PISA. A média dos países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é 7%. Esse é o grupo de estudantes que pode compreender textos longos, lidar com conceitos abstratos ou contraintuitivos e estabelecer distinções entre fato e opinião, com base em dicas implícitas relativas ao conteúdo ou à fonte da informação.

Há também algumas evidências científicas sobre o uso excessivo de mídias sociais e danos à saúde mental. Uma pesquisa da Universidade de Oxford revelou uma forte correlação entre o uso excessivo de mídias sociais por adolescentes e níveis elevados de ansiedade e de depressão. O estudo, o maior já realizado sobre a saúde mental de adolescentes no mundo, analisou o comportamento de jovens de 16 a 18 anos, descobrindo que 60% passam de duas a quatro horas diárias em plataformas como TikTok,Instagram, Snapchat, , WhatsApp e YouTube. Em alguns casos, adolescentes relataram passar até oito horas diárias conectados. A pesquisa também aponta que meninas relatam mais problemas de saúde mental que meninos. Além disso, os pesquisadores concluíram que hábitos simples, como aumentar o tempo de sono e a prática de exercícios, poderiam melhorar significativamente a saúde mental dos jovens.

Estudos e pesquisas mencionados:

The Association between Screen Time and Attention in Children: A Systematic Review

PISA