Com a facilidade do acesso via celular, muitos brasileiros estão sendo atraídos por sites de jogos de azar, apesar de serem proibidos no país. O jogo, muitas vezes, começa como uma brincadeira, mas pode evoluir para uma dependência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o jogo compulsivo como uma doença, semelhante à dependência de álcool.O vício em jogos, incluindo jogos de azar, é caracterizado por uma compulsão incontrolável de jogar, mesmo quando isso gera consequências negativas. A pessoa sente uma necessidade constante de apostar, mesmo que tenha o desejo de parar.
Estudo de caso
Em 2024, o Instituto Alana apresentou uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo contra uma plataforma após identificar uma rede de perfis de crianças e adolescentes promovendo plataformas de apostas ilegais para menores de idade. Esses influenciadores, com idades entre 6 e 17 anos, possuem milhões de seguidores e estão espalhados por todo o Brasil. O mais alarmante é que muitos desses seguidores também são menores de idade, tornando a exposição aos conteúdos ainda mais prejudicial. De acordo com relatos, algumas dessas “publis” são gravadas pelos próprios pais ou responsáveis legais dos influenciadores, incentivando sorteios de prêmios como motos, celulares e dinheiro.
Mesmo que seu filho não use as redes sociais, pode ser exposto a atividades que podem causar o mesmo tipo de vício. Uma recente decisão da justiça austríaca classificou as loot boxes, presentes no modo Ultimate Team do jogo FIFA, como uma forma de jogo de azar, obrigando a Sony Interactive Entertainment a reembolsar jogadores que gastaram dinheiro comprando pacotes de cartas do jogo. O tribunal de Hermagor, no estado da Caríntia, sul da Áustria, concluiu que os pacotes vendidos na PlayStation Store violam as leis de jogos de azar do país devido à natureza aleatória e à falta de transparência nas recompensas obtidas. A ação, movida por jogadores, incluindo um menor de idade, acusou o sistema de loot boxes de encorajar os usuários a gastar centenas de euros em pacotes sem garantia de recompensas valiosas.
O sistema de loot boxes do Ultimate Team oferece recompensas de valor incerto, o que assemelha-se a uma aposta, algo vedado pelas leis do país. No entendimento do tribunal, as loot boxes poderiam ser equiparadas a um “benefício financeiro”, pois itens raros recebidos nos pacotes podem ter um valor superior ao que foi pago pelo pacote, o que caracteriza o jogo de azar.
Esse veredito intensifica o crescente escrutínio que o sistema de loot boxes tem enfrentado em várias partes do mundo. Diversos países europeus, incluindo Bélgica e Holanda, já tomaram medidas para regular ou até proibir essas microtransações em jogos eletrônicos, devido à preocupação de que crianças e adolescentes sejam induzidos a gastar grandes somas de dinheiro em recompensas aleatórias.
Recomendações do que fazer:
Primeiro, é preciso abordar o problema de maneira calma e empática, sem julgamentos. Expresse suas preocupações de forma construtiva, para que a pessoa se sinta apoiada e compreenda que o objetivo é ajudar, não criticar. O vício em jogos é um transtorno sério. Busquem juntos acompanhamento com psicólogos, terapeutas ou grupos de apoio especializados, como Jogadores Anônimos, ou ambulatórios especializados, como o PRO-AMITI.
Deixe claro que o problema é grave, mas ofereça sugestões concretas, como iniciar o tratamento ou limitar gradualmente o acesso aos jogos. Não faça a pessoa se sentir culpada ou envergonhada pelo vício. Trate-o como uma doença que pode ser superada com apoio e tempo, mantendo o foco em encorajamento e compreensão.
A recuperação é um processo gradual, com altos e baixos. Haverá momentos difíceis, mas mantenha a paciência e entenda que recaídas podem ocorrer.
Além disso, utilizar as ferramentas de controle parental, que veremos no capítulo 03, é fundamental para evitar riscos.
