A automutilação é um comportamento autoprovocado em que a pessoa se agride fisicamente, frequentemente na pele, como arranhões ou queimaduras. Ao contrário do que muitas mãe, pais e responsáveis acreditam, não se trata de um capricho ou modismo, mas sim de um sinal de sofrimento psíquico. A automutilação está ligada a transtornos psicológicos, mas não está necessariamente ligada a uma intenção de morrer, sendo diferente da tentativa de suicídio.
Esse comportamento reflete a tentativa de transferir uma dor interna, que não pode ser expressada de maneira saudável, para uma dor física mais palpável. A automutilação é um sinal de alerta para um sofrimento profundo que precisa de intervenção adequada, antes de evoluir para situações mais graves.
Estudo de caso
Os desafios nas redes sociais podem variar muito em termos de complexidade e de risco, mas uma pergunta comum é: por que adolescentes participam de desafios que podem ameaçar sua saúde e segurança? De acordo com uma pesquisa conduzida pelos professores Kapil Chalil Madathil e Heidi Zinzow da Universidade Clemson, há quatro fatores principais que motivam os adolescentes a participar desses desafios: pressão social, busca por atenção, valor de entretenimento e o efeito de contágio.
Pressão social: muitas vezes, a participação ocorre por influência de amigos, em uma tentativa de alcançar aceitação em grupos sociais. Isso foi observado tanto em desafios inofensivos quanto em atividades de maior risco, como o desafio da canela, onde adolescentes consumiram canela em pó, com consequências como danos pulmonares.
Busca por atenção: a vontade de se destacar pode levar alguns participantes a intensificarem o desafio, como ao tentar suportar mais tempo os riscos envolvidos. A necessidade de ser visto e reconhecido pelos pares está por trás dessa motivação.
Entretenimento: muitos são atraídos pela diversão e pela curiosidade de experimentar as sensações que os desafios proporcionam. Alguns também desejam ver como suas reações se comparam às de outras pessoas que já participaram.
Efeito de contágio: o compartilhamento nas redes sociais, aliado à forma como os desafios são apresentados, contribui para que mais pessoas sintam-se compelidas a participar. Isso foi evidente em desafios perigosos, que violam diretrizes de prevenção ao suicídio e aumentam o risco de propagação de comportamentos prejudiciais.
Recomendações do que fazer:
Reconhecer os sinais de que seu filho pode estar enfrentando dificuldades de saúde mental é essencial para oferecer suporte adequado. Mudanças no apetite, sono, energia, isolamento social, falta de interesse em atividades e sentimentos persistentes de tristeza ou desesperança são indicativos de que algo está errado. Comentários preocupantes sobre não querer acordar ou sentir que os outros estariam melhor sem ele são sinais claros de que é necessário agir.
Se esses sinais forem observados, incentivar seu filho a falar sobre seus sentimentos sem julgamentos é o primeiro passo. Além disso, buscar apoio de profissionais de saúde mental pode ajudar a lidar com a situação. Linhas de apoio em crises e consultas com médicos e psicólogos também são recursos importantes para avaliar a saúde mental do jovem e buscar tratamento adequado. Caso precise de ajuda, ligue para 188 (CVV) ou acesse www.cvv.org.br. Em caso de emergência ligue para 192 (SAMU).
Além disso, utilizar as ferramentas de controle parental, que veremos no capítulo 03, é fundamental para evitar riscos.