Capítulo 02 - Artigo 03
Artigo 03

Distúrbios de imagem ou alimentar

Transtorno de imagem é como chamamos a percepção distorcida que uma pessoa tem de seu corpo e não está necessariamente associado a problemas alimentares. A pressão imposta por padrões de beleza online pode contribuir para esse fenômeno, principalmente entre adolescentes. A busca por um corpo ideal, muitas vezes inatingível, leva a comportamentos extremos, como dietas restritivas, exercícios intensos e cirurgias plásticas, afetando negativamente a saúde física e mental. Essa pressão pode resultar em transtornos alimentares e problemas psicológicos, como ansiedade e depressão. 

Podemos dizer que os transtornos alimentares são um conjunto de doenças que afetam o padrão de consumo de alimentos, prejudicando a saúde.  Entre os transtornos alimentares mais comuns estão a anorexia nervosa, transtorno alimentar restritivo evitativo (TARE), bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar periódica e transtorno alimentar não especificado (OSFED). Esses transtornos podem atingir qualquer pessoa, independentemente de fatores como idade, gênero, forma corporal ou etnia. É importante notar que muitas pessoas que sofrem de transtornos alimentares podem parecer “saudáveis”, mas ainda assim enfrentam sérios problemas de saúde.

Estudo de caso

Muitos cirurgiões plásticos têm observado um aumento significativo na procura por procedimentos estéticos. O pedido? Pessoas chegam aos consultórios mostrando fotos de si mesmos, porém editadas com filtros de aplicativos de mídias sociais. Esses filtros, que suavizam traços faciais, afinam rostos ou aumentam características específicas, criam uma imagem distorcida do que consideram ideal. Como resultado, pessoas estão buscando cirurgias para se parecer com o que acreditam ser suas versões ‘perfeitas’ das selfies filtradas.

Se esse é o impacto em adultos, que já têm uma identidade mais formada, imagine o efeito em crianças e adolescentes, que estão em pleno desenvolvimento emocional e físico. A exposição constante a essas imagens idealizadas pode distorcer ainda mais a percepção que eles têm de si mesmos, intensificando a insatisfação com a própria aparência e levando a comportamentos extremos, como dietas restritivas, exagero em exercícios físicos ou até mesmo a busca precoce por cirurgias plásticas. O perigo é que, em uma fase tão vulnerável, essas pressões podem gerar impactos duradouros na autoestima e na saúde mental, contribuindo para o surgimento de transtornos de imagem e alimentares.

Recomendações do que fazer:

Se alguém próximo está passando por algum dos problemas citados é importante mostrar que a ajuda está disponível. Muitas pessoas enfrentam desafios nessas áreas, mas quando esses problemas começam a impactar negativamente a rotina diária — seja no trabalho, nos estudos, na socialização ou na saúde —, é um sinal claro de que o apoio é necessário. Não é preciso esperar que a situação se torne crítica para buscar ou oferecer ajuda.

Reconhecer que a criança ou adolescente por quem você é responsável precisa de ajuda é um ato de coragem e um passo essencial. Existem muitas formas de apoio disponíveis, e é comum que mães, pais e responsáveis não saibam por onde começar. Amigos próximos, familiares, profissionais de saúde mental e grupos de apoio podem ser recursos valiosos nesse processo. 

No Brasil, temos organizações importantes nessa área, como a Associação Brasileira de Transtornos Alimentares e o Vita Alere. Psicólogos e médicos especializados também são fundamentais nesse processo, enquanto comunidades de apoio e grupos de pessoas que passaram por experiências semelhantes podem oferecer força e validação.

Além disso, utilizar as ferramentas de controle parental, que veremos no capítulo 03, é fundamental para evitar riscos.